domingo, 24 de julho de 2011

SILENCIE A VOZ QUE TENTA DERRUBAR VOCÊ

Há muitas razões para você ter medo de tentar, muitas razões para falhar, muitas razões para desistir, muitas razões para voltar à sua concha e esperar a vida se esgotar. Aos poucos. Jogando fora um dia de cada vez.
Sim. Há muitas razões para acreditar naquela voz dentro da sua cabeça que tenta anular você, corromper seu potencial e convencê-lo de que é um desperdício tentar dar o próximo passo. Essa voz diz: ‘Para que escrever a própria história? Assista tevê, e viva a história de outros, coma mais e não se exercite, para destruir sua principal máquina de mudar seu mundo; esqueça o amor, anule-se’. Essas são as mensagens que tentam derrubar você.
Há muitas razões para desistir. Todas, absolutamente todas, falsas. Os limites estão em você, não em regras criadas por outros. Nossa sociedade é dominada pela absurda ‘lei das médias’. Se a maioria não consegue, tentam fazer com que você acredite que jamais conseguirá. Aleijadinho não acreditava na voz interior que dizia, com toda a lógica do mundo, que ‘Aleijados não podem ser escultores’. Era lógico, mas era falso. Santos Dumont não acreditou nos compatriotas que insistiam em dizer ‘Que o homem não poderia voar com um veículo mais pesado que o ar’. Era lógico, mas era falso. Há muitas coisas nas quais você acredita, com lógica, mas que são absolutamente falsas.
É fácil inventar uma razão, um motivo aparentemente lógico, para qualquer coisa. Mas sua vida pode ser muito mais do que um amontoado de desculpas lógicas. Sua vida é muito mais do que qualquer razão para desistir de um sonho. Sua vida é muito mais do que seu passado ruim, suas experiências de dor e seus medos ancestrais. Sua vida é tudo o que ainda virá. Não importam os limites do seu passado, eles não existem mais. Seu futuro pode ser tudo o que você desejar. Escolha os companheiros de viagem... e vá.
Por isso, toda vez que escutar uma voz dentro de você dizendo ‘Você não é um pintor, então pinte sem parar, de todos os modos possíveis, e aquela voz será silenciada’, como afirmou Van Gogh, um dos maiores pintores da história. Substitua a palavra ‘pintor’ por engenheiro, jornalista, arquiteto, policial, mãe, professor, motorista, cantor, ator, escritor... ou o que você desejar. E acredite nisto: sua mente e seu corpo são obrigados a seguirem as suas decisões, suas ações e suas crenças.
Silencie a voz que tenta derrubar você.

Trecho do E-book "Imaginação é Poder!"

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Algumas obras do autor a serem editadas: "Impermanências" - (contos)  - "Luz & Sombra" - (contos) - "A morte é um véu que esconde um grande rio" - (reflexões).



Algumas Obras do Autor


OS ILUMINADOS DO APOCALIPSE – de Agnaldo Barcaro (Romance iniciático entre sacerdote e sacerdotisa, onde a mulher é vista como autêntica deusa). – Versão impressa: R$ 29,90 - Versão digital (E-book): R$ 19,90

Túlio e Ivana são jovens fascinados por Magia. Após um ritual mágico, Túlio apaixona-se por uma autêntica bruxa moderna, que quase o leva à loucura.
Superado o trauma do relacionamento com a bruxa, Túlio parte para um sítio na pequena cidade de Nílgiris, localizada no norte de Minas Gerais. Ao chegar ao local, Túlio o encontra abandonado, pois o único morador, seu primo, havia ido embora com os enigmáticos Homens de Branco.
Guiado pelo último habitante das redondezas, Túlio parte em busca do primo e dos estranhos Homens de Branco, que residem em uma misteriosa caverna que “atravessa o mundo”. Ao estabelecer contato com os Homens de Branco, é revelado a túlio as terríveis profecias a cerca do futuro da humanidade e sobre os cataclismos que estão por acontecer à Terra, ainda no início do século XXI.
Assim, a Túlio é mostrado o CAMINHO, uma saída para escapar dos terríveis acontecimentos que se abaterão sobre a humanidade em um futuro muito próximo. No entanto, Túlio terá que trabalhar com os Sete Demônios e aniquila-los, e isso envolve a mais pura Magia que ao leitor irá se revelando com o decorrer da história.
Leitura indispensável aos Guerreiros Luz.
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INTROJETANDO A PROSPERIDADE: COMO CONQUISTAR SEUS OBJETIVOS COM O USO DAS IMAGENS MENTAIS - de Agnaldo Barcaro
Somente em arquivo digital (E-book) - R$ 19,90

Já aconteceu com você, leitor, quando decidiu fazer algo ou traçou um objetivo para sua vida e, por causa disso, passou a ouvir uma voz insinuante em sua mente que tentava fazê-lo desistir do seu intento, do seu objetivo?
Essa voz martelava algo como: “Desista, você não vai conseguir”; “É loucura tentar novamente”; “Acenda um cigarrinho ou tome uma cerveja que tudo vai passar”; “Não adianta convidá-la (o) para sair, ela (e) não vai topar”; “Você não tem dinheiro, não adianta tentar isso ou aquilo”; “Você nasceu pobre e vai morrer pobre!”; etc.
O motivo dessa voz é que todas as vezes que você tenta algo novo o seu inconsciente tentará protegê-lo de um novo fracasso. Seu inconsciente vai suscitar lá do fundo um momento parecido em que você fracassou e, para preservá-lo de uma nova frustração, irá BLOQUEÁ-LO para que você não tente novamente.
É justamente este um dos temas do livro acima.
Com este livro você aprenderá basicamente a decidir o que você quer, a desenhar a imagem perfeita do objetivo em sua mente e a lutar até conquistá-lo, custe o que custar.
É fácil? O autor diz que sim, deste que as técnicas sejam aplicadas.
Tudo ficará fácil quando se amordaçar o TI (terrorista interno) que é o autor das frases que nos tentam derrubar, assim que desejamos crescer ou conquistar algo – material ou não.
Todas as vezes que tentar algo novo o TI (terrorista interno) vai tentar sabotá-lo, fazer com que você desista.
Portanto, se quiser ser alguém ou conquistar algo você terá primeiro que desvencilhar-se dos bloqueios, principalmente do Terrorista Interno (TI). Sem calar o TI será impossível conseguir algo, você nadará, nadará e morrerá na praia – desistindo de seus sonhos.
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E-BOOK GRÁTIS

Somente em arquivo digital (E-book):

“IMAGINAÇÃO É PODER!”

“A imaginação é mais poderosa que o conhecimento” – Albert Einstein

Com este livro um manancial infinito de riquezas, saúde e prosperidade será aberto a você. Você aprenderá a decidir o que quer como sonho ou objetivo de vida, a fazer uma imagem mental perfeita disto e plasmar esta imagem no universo, que é a fonte de toda a vida e abundância.
Você conhecerá também o segredo de como jamais esmorecer e a combater o terrorista interno, aquela voz que tenta lhe desanimar insinuando “Não adianta tentar, você não vai conseguir”; “Desista, vai dar muito trabalho”; “Você é pobre e vai morrer pobre”; “Não adianta convidá-la(o) para sair, ele (a) não vai topar” etc.
Você conhecerá AS 7 LEIS SECRETAS que regem a criação de uma imagem mental VENCEDORA, para que você alcance o que quer que seja neste mundo: fama, poder, riqueza, carisma, popularidade e sucesso em todos os aspectos de sua vida.
Só há uma recomendação: use este CONHECIMENTO SECRETO com ética, pois do universo nós colheremos apenas o que semearmos.

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CD de RMI® (Reprogramação Mental Introjectiva).
PACTO COM DEUS e/ou UNIVERSO - R$ 21,90
O médico búlgaro dr. Georgi Lozanov, após estudos científicos, ficou interessado pelas pessoas que conseguiam grandes feitos mentais e psíquicos, como os iogues e gurus. Em suas pesquisas o dr. Lozanov observou que quando essas pessoas realizavam grandes feitos os instrumentos indicavam que suas ondas cerebrais estavam em um nível relaxado (Alpha) e partes de seus cérebros estavam em níveis ainda mais profundos. Especialistas concluíram que o nível Alpha é a ponte para o nível inconsciente. Quando vemos ou escutamos algo no nível Alpha ou Theta de relaxamento, nos lembramos melhor das coisas ouvidas e somos mais influenciados por elas. Sendo assim, as pessoas que realizam grandes “milagres” mentais, na verdade, acessaram seu nível inconsciente (estado Theta/Delta) e seus reservatórios de sabedoria e criatividade. O dr. Lozanov também descobriu que a música barroca de Mozart, Bach ou Vivaldi proporcionava um maior relaxamento em seus pacientes. Ao som da música barroca as batidas dos corações de seus pacientes sofriam uma sensível desaceleração e sincronizavam-se com o ritmo da música. Até a pressão sangüínea diminuía em seus pacientes e as ondas cerebrais Alpha e Theta aumentavam rapidamente. O CD Pacto com Deus e/ou Universo funciona porque associa a música barroca (que equilibra os dois hemisférios cerebrais e promove o relaxamento profundo) e as auto-afirmações positivas, que são palavras – e palavras têm poder! Nunca é demais repetir que ao ouvir essas palavras de poder, ao som da música barroca, o seu inconsciente irá gravá-las como verdadeiras e isso afetará as suas atitudes e comportamento. Você passará a agir como as pessoas que possuem os padrões dos vencedores e nada mais poderá detê-lo em seu desenvolvimento. Você gravará em seu inconsciente os padrões de SAÚDE, PAZ, HARMONIA, AMOR, SABEDORIA, CARISMA, PROSPERIDADE E FELICIDADE! Você, na verdade, irá moldar o padrão dos vencedores!

sábado, 28 de maio de 2011

Teus Olhos Hão de Ver-me do Outro Mundo

Saido a pouco, disponibilizo aos leitores este livro para a sua sincera apreciação. Leia-o com a mente aberta e o coração.

Teus Olhos hão de Ver-me do Outro Mundo




“Teus Olhos Hão de Ver-me do Outro Mundo” – de Agnáldo C. Bacàro
Editora Cidadela, formato 10 x 14,5 cm, 67 págs. Preço: R$ 25,00

Trata-se das reflexões e vivências do autor em prosa poética. “Agonia e êxtase” esparramam-se pelas páginas como areia quente, magma da alma, luz do sol e brilho de infinitas estrelas. São insights sobre insights, revelações onde se percebe, quase sempre, um estado alterado de consciência obtido pela ingestão da bebida sagrada Yagé. A prosa traz a influencia da expansão da consciência, onde ele capta e vislumbra o universo e a si mesmo do jeito que é: único, extático e verdadeiro. A leitura flui como um jorro de revelações vislumbradas pelo autor, que pouco a pouco vai desvendando o seu mundo, o nosso mundo, a sociedade e resvala, aqui e ali, nos mundos permeados pelo incognoscível e/ou Deus. Leitura obrigatória aos “psiconautas”, para àqueles que não tem medo de viajar em si mesmos, que mergulhando em sua própria mente acabam por navegar por todo o universo infinito.

Pedidos pelo E-mail: abarcaro@uol.com.br ou pelo telefone (11) 8641-6634

Blog do autor: http://escoladelapidacao.blogspot.com/

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

cantara (live '94)

Joaninha

O menino fixou seus olhos nas costas vermelhas da joaninha. Costas vermelhas cravejadas de bolinhas pretas. O menino fixou-se, novamente, numa bolinha nas costas da joaninha, bem acima, quase ao centro. Fixou os olhos como um microscópio que avança, potente, eletrônico. Adentrou com os olhos-microscópicos a bolinha nas costas da joaninha e foi avançando, lentamente, vislumbrando reentrâncias, pigmentos, veios, crateras e, por fim, átomos. Ao chegar aos átomos parou, ou melhor, tentou ir além.
Havia ali uma peneira de átomos. Além dos átomos o que haveria? pensou. Certamente o invisível. Além do invisível o que haveria? O menino matutava, lia livros de Ciências, matutava. Começou a ler livros de física quântica, matutava. Um dia, olhando para o corpo da joaninha que espetara num alfinete, algo aconteceu que mudou para sempre o menino. O espírito da joaninha apareceu-lhe e disse: o que você vê e não vê é o invisível além do visível.
“O invisível além do visível”. O que será que quis dizer o espírito da joaninha? Pensando nisso, o menino ia para cama todas as noites, matutava. Dias, semanas, meses, matutava. Um dia, matutava, foi para a cama e esqueceu-se do que matutava. O espírito guardião da joaninha apareceu-lhe e revelou: você destruiu um ser por simples curiosidade. No universo em que vivemos isso é um crime grave. O que farás para repará-lo? Se não fizer nada, você nunca saberá o que há além das manchas das costas da joaninha. O menino, no sonho, respondeu: eu farei tudo para preservar as matas onde vivem as joaninhas. Além disso, vou estudar tudo sobre joaninhas, tornar-me-ei um especialista. O espírito guardião da joaninha assentiu com a cabeça, e o menino despertou.
Cresceu, estudou, pesquisou nas melhores universidades do mundo e tornou-se o Phd em joaninhas. O maior especialista do mundo em tais insetos ganhou muito dinheiro, comprou terras, plantou árvores. Viajava o mundo todo a fazer campanhas para a preservação das matas e das estimadas joaninhas. Mas, ainda não sabia o que haveria por trás do invisível, das manchinhas circulares das costas da joaninha. Recordou-se do sonho, sobre o que o espírito guardião da joaninha assassinada lhe dissera. Parecia loucura, tudo uma loucura. Chegou a duvidar, às vezes, da própria sanidade. Seriam os cientistas geniais loucos?
Ao completar 70 anos o ainda menino foi à floresta amazônica a convite de um xamã. Tomou de uma bebida sagrada que produzia visões e, finalmente, conheceu a verdade por trás do visível. Em êxtase, provocado pelo “Vinho dos Espíritos”, apareceu-lhe O Grande Criador de todas as joaninhas. Teve visões, o universo inteiro era composto pelas costas de uma imensa joaninha e, as pintinhas, de todas as cores, formavam universos dentro de universos, dimensões dentro de dimensões. Dos olhos dessa imensa joaninha saiam luzes e fogos que formavam outros seres além dos universos conhecidos. De repente, ao abrir as asas para alçar vôo, tudo se transformou no nada, e a joaninha infinita foi tragada pela luz de um sol imenso que radiava luz azul. O menino, agora maduro, pode perceber que além do visível somente há o nada, o NADA que é TUDO. Mas isso tudo depende do ponto de vista de quem está observando... O observador pode subverter a ordem de todas as coisas, pois aonde vai a atenção vai a força que cria e recria tudo e nada.

(Conto do livro inédito "Luz & Sombra" - Copyright by Agnaldo Barcaro)

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Insight

- Cansei! – disse Eduardo. – Vou jogar a toalha...
- Não desista! – disse Rosa, sua mulher, inutilmente.
Eduardo saiu, bateu a porta e não voltou mais. Rosa não teve forças para reagir, ajudar o marido em seu desespero. Dívidas, doenças, família – tudo jogado para o alto.
“Viver é sofrer”, pensava Eduardo. “O cotidiano nos devora, é inútil prosseguir”. “Mas o que vou fazer?” “Rosa vai sofrer, as crianças vão sofrer”. “Não estarei sendo egoísta?” “Será a minha vida pior do que a das outras pessoas que habitam este mundo?” “Na verdade, estou numa encruzilhada: sem forças para viver e sem coragem para morrer”. “Bingo! E agora José?”
Eduardo caminhava cabisbaixo e pensativo. Estava no centro da grande cidade, a metrópole que massifica e transforma as pessoas em números. Nas esquinas encontrava os personagens de sempre, os náufragos do sistema: prostitutas, punguistas, estelionatários, mendigos e falsos mendigos simulando ferimentos inexistentes, cegos e falsos cegos, ciganas que lêem o futuro, tiras corruptos, compradores de ouro de procedência duvidosa, cobradores de impostos e pastores berrando por almas perdidas e dízimos... Eis a matrix!
“Não, não suporto mais isso!”, suspirou Eduardo, caminhando sem destino. Num átimo, quando ergueu os olhos, leu numa placa que um homem levava às costas. Não vendia e nem comprava ouro. Leu, e aquilo o tocou: “OS EVENTOS SÃO SONHOS – SAIA DA ILUSÃO – NÃO EXISTEM PROBLEMAS!” Eduardo pensou: “Bah, mais 171”. Mas resolveu inquirir o homem. Bateu em seus ombros e, ao virar-se, teve um susto. O homem que carregava a placa vestia uma máscara de esqueleto. Na placa da frente estava escrito: “SER OU NÃO SER, EIS A QUESTÃO!”. Abaixo da frase, em letras miudinhas, o autor: Shakespeare.
Ante o susto de Eduardo o homem não disse nada, era mudo, apenas entregou-lhe um folheto. No folheto pode ler: “SAIA DA MATRIX EM MEIA HORA! – INSIGHT GRÁTIS!” – Av. Paulista, 1455 – 11º andar – sala 111 – Centro. “Bem, já que é de graça, não custa ir ver, nem que seja a última coisa que eu faça”. Não estava longe, caminhou meia hora e chegou. Um belo prédio. Pegou o elevador e desceu no 11º andar e se dirigiu à sala 111. Uma moça, vestida de esqueleto, o atendeu, indicando uma poltrona. Ali havia umas quinze pessoas. Uma grande porta preta, fechada, dava acesso a um outro cômodo. Não demorou, e um homem também vestido de esqueleto, abrindo a porta preta, pediu para que entrassem. O local era escuro e iluminado por velas negras. No chão, sobre o carpete, havia algumas urnas funerárias. Algumas pessoas, ao vê-las, saíram dali. Eduardo, não tinha nada a perder, ficou.
- Se querem SER entrem nos caixões! – disse o homem, em tom imperativo. - Todos os seus problemas serão dissolvidos, porque eles não existem!
Umas cinco pessoas entraram, cada qual em um caixão. Eduardo entrou, deitou-se e a tampa foi lacrada. Havia ar ali, ainda bem. Um som estranho foi ligado dentro de cada caixão. Parecia um motor de caminhão que roncava lentamente, mas depois o som foi subindo, subindo e Eduardo “apagou”. Ao dar por si, viu que estava num local onde uma luz branca e brilhante reinava. Só havia ele ali, aquela luz diamante e brumas. A paz reinava, não sentiu medo. A ansiedade e a vontade de “sumir” desaparecera. Acreditou que estava morto. De certo modo era verdade, não tinha vontade de voltar. Não conseguia pensar ali. Só paz, luz e uma sensação de eterna harmonia e felicidade. Num instante aquilo acabou; ouviu o som de motor novamente, a tampa do caixão foi aberta. Ele saiu, ainda zonzo.
- Muito bem! Agora, se puderem e se sentirem gratificados, deixem sua contribuição na saída! – Gritou o homem-esqueleto. – O Segredo é: Não é o que acontece que destrói ou constrói uma pessoa, mas sim, a sua reação mental ao fato. – Não se identifiquem com os pensamentos! São eles que “poluem” o seu rio interior... Observem o observador! DESAPEGUEM-SE! NADA ACONTECE FORA, MAS DENTRO!
Eduardo saiu, feliz, um riso estampado no rosto. Não tinha um centavo no bolso, deixou o relógio. O homem-esqueleto fez-lhe uma reverência com a cabeça, e ele saiu, caminhando sob o sol, leve, como se caminhasse sobre ovos. Voltou para casa, para Rosa e as crianças, sabedor que agora estaria no “sistema” mas, ao mesmo tempo, não faria parte dele. Emancipara a sua alma. Era, agora, dono de si mesmo e de seus pensamentos e, feliz, começou a assobiar uma canção antiga. O refrão dessa canção dizia, mais ou menos assim: Que mundo maravilhoso!

(Conto do livro inédito "Luz & Sombras" - Copyright by Agnaldo Barcaro)

Mahatma

Crisóstomo era imperturbável.

Nada o abalava: a vida ou a morte, a riqueza ou a pobreza, a saúde ou a doença – nada!

“Tudo é impermanente”, dizia. “A morte é imprevisível e inevitável”. “O mundo é ilusão”. “Os eventos são sonhos”. Assim seguia a vida, centrado em seu mundo de paz eterna e eterno agora.

Ficou desempregado, passou fome em seu quartinho solitário. Crisóstomo, sempre imperturbável, em paz. Logo surgiu outro emprego, voltou a comer. Depois, seus pais morreram em um assalto, ele foi e providenciou o enterro. “Ação e reação, nada acontece por acaso”, disse, sem derrubar uma lágrima. O ciclo se repete, a vida se alimenta da morte. Colhemos sempre o que plantamos.

Para os poucos parentes que se achegavam a ele, Crisóstomo, de quarenta e poucos anos, não passava de um louco excêntrico, frio e insensível. Não gostava de julgar. Via somente a essência das pessoas, de tudo. “O mundo é perfeito!” Um solteirão, louco varrido. Encarava a nossa realidade como um campo de concentração, com dias ruins e dias bons. Dizia que um dia sairia do campo, “iria para outras moradas, outros universos vibratórios, outros mundos-escola”.

Um dia ao atravessar uma rua, distraído, foi atropelado. Teve que amputar uma perna, aposentou-se por invalidez. “Somos 100% responsáveis pelo que acontece com a gente”, disse, imperturbável, após o ocorrido. Sua aposentadoria era miserável, mal dava para pagar o quartinho entulhado de livros e revistas por todos os lados. A comida era escassa, basicamente aveia e leite, que batia num liquidificador comprado de segunda mão, todos os dias. Às vezes, comprava algumas bananas para enriquecer o menu. Apesar de tudo, sentia-se feliz, um Buda, um ser conectado com o universo infinito. Passava os dias lendo e escrevendo em um caderno, pois não tinha computador.

Meses depois do atropelamento, Crisóstomo recebeu a visita de quem o atropelara. No dia do fato, desmaiou, acordando somente após a operação, quando constatou, imperturbável, que só tinha uma perna. A atropelante era uma bela moça de vinte anos, filha de um industrial, estudante de medicina. Ananda, de corpo esguio, tez cor de chá, cabelos pretos, longos e lisos, tendo nas faces, a iluminar como num céu sem nuvens, duas luas novas que perscrutavam tudo. Crisóstomo, apoiado em sua bengala, com seu pijama puído e de uma perna só, chinelo no único pé, foi atender a porta. Tomava o desjejum de sempre: aveia e leite num copo de louça trincado. Ao se deparar com a vítima de seu ato, Ananda não acreditou no que vira. Seu carro, um Mercedes importado, ficou praticamente destruído. Não sabia o que fazer para se redimir, para ajudar o infeliz à sua frente. Conversaram durante meia hora. Ananda se dispôs a pagar seu aluguel e a ajudá-lo com um salário mensal, pelo resto da vida de Crisóstomo. Este negou veementemente dizendo que já tinha tudo dentro de si.

Na hora de partir, Ananda vislumbrou o caderno onde Crisóstomo escrevia. Pegou-o e abriu numa página central. Estupefata, leu o que ali estava escrito, com uma bela letra manuscrita, como se fosse delineada a bico de pena:

OLHOS BRILHANTES

Antes que as portas se fechem

Para mim,

Antes que a faca corte o fio,

A liga, a vida;

Partirei sempre para mim,

Átrio aflito

Do templo de minhas ilusões.



Há uma lança que circunda

Meu coração,

Também há um fogo

Que vive em mim

Em forna de nada,

Vento

Que acende a desconstrução

De quem fui.



Preciso encontrar

O que já não é mais,

Aquela inocência

Da alegria natural

Sem dor,

Chá com bolachas

Ao redor de avós e tias,

Primos e sobrinhas;

Manhãs, tardes, noites;

E um sino de igreja

Que me acorda aos domingos;

Tudo pleno, azul sutil,

Vida – onde estarás ?



Cadê a alegria,

Cadê a paz,

Onde foi parar aquele menino

Que acreditava nos homens grandes,

Nas crianças e nos amigos?

Não havia maldade,

Nem dor;



Somente uma flor na janela

e o brilho do sol nos olhos...





Boquiaberta, Ananda perguntou:

- Você escreveu isso?

Crisóstomo confirmou com a cabeça, o olhar e o rosto refletidos na vidraça. Segundos se tornaram horas, Ananda mexeu com a cabeça, como se tocada por um bruxo. Quase em transe, fitou Crisóstomo longamente, em seguida, num insight ancestral, perguntou:

- Quer casar comigo?

Crisóstomo, imperturbável, olhos ainda fixos na vidraça, respondeu:

- Por que não?

(Conto do livro inédito "Luz & Sombra" - Copyright by Agnaldo Barcaro)